Páginas

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Clube de Campo Assocação Atlética Guapira

                      O Leão da Zona Norte

História do Bairro do Jaçanã 

Jaçanã é um Distrito situado na Zona Norte de São Paulo, pertencente à Subprefeitura de Jaçanã/ Tremembé.
Sítio Guapira é o antigo nome do bairro do Jaçanã, só recebeu esse nome no ano de 1930  em virtude da grande quantidade do pássaro Jaçanã existente na região, permanecendo o nome na Avenida Guapira..

Em 1870, o bairro era conhecido como Uroguapira, pois se imaginava que houvesse ouro no local. Como não passou de um boato, abreviou-se para Guapira, nome dado pelos indígenas para a região da Cantareira. Em 1º de junho de 1930, o bairro passou a se chamar Jaçanã (uma espécie de ave ribeirinha, também chamada de parrídea, que se caracteriza pelo tom avermelhado do peito).

O bairro Jaçanã tornou-se conhecido e imortalizado em toda a cidade de São Paulo pela música Trem das Onze, de Adoniran Barbosa, em que o compositor fazia referência ao Trem da Cantareira, que ligava o centro da cidade ao reservatório de água Cantareira. Principal meio de transporte do bairro, permaneceu em atividade entre 1893 e 1965. A ferrovia possuía um ramal que passava pelo bairro e chegava até Guarulhos.

                                "Não posso ficar, nem mais um minuto com você,
                                 Sinto muito amor, mas não pode ser,
                                 Moro em Jaçanã, se eu perder esse trem,
                                 Que sai agora às onze horas,
                                 Só amanhã, de manhã"(...)
          
 

Adoniran Barbosa na Estação de Trem Jaçanã
Demônios da Garoa na Estação de Trem Jaçanã.
             




O Tramway da Cantareira, popularmente conhecido como o "Trem das 11" foi implantado pela Companhia Cantareira e Esgotos em 1893, mas somente em 1895 começou a operar com passageiros (somente nos domingos e feriados). Primeiro transporte coletivo da região, também conhecido como "Maria Fumaça", conquistou os passageiros pelas belas paisagens por onde passava a ponto de ter que implantar trens diários para comportar a demanda. Foi administrada pela Cia Cantareira de 1985 a 1941 e depois administrada pela Cia Sorocabana de 1941 a 1964. Sua última viagem foi em julho de 1964 e sua desativação total ocorreu em 31 de maio de 1965. Seu traçado férreo está preservado sob o caminho do metrô entre os bairros da Luz, Santana e Tucuruvi. Já a antiga estação de trem do Jaçanã foi demolida em 1966, hoje, dá lugar à Praça Comendador Alberto de Souza.

Hospital Geriátrico D.Pedro II
Em 1874, os primeiros leitos do Hospital Geriátrico D. Pedro II foram instalados para atender a mendigos e idosos. Em 1906, começava a ser construído o prédio que permanece até hoje, com projeto e arquitetura de Francisco de Paula Ramos de Azevedo. A inauguração ocorreu em 2 de julho de 1911, com a presença de diversas autoridades, como o então presidente do Estado Manoel José de Albuquerque Lins.
   
Hospital São Luiz Gonzaga



Em 1904, foi inaugurado o Hospital São Luiz Gonzaga, com o nome de Leprosário Guapira e tinha a finalidade de cuidar de doentes que sofriam de lepra. A partir de 1932, o nome foi mudado e passou a cuidar de doentes de tuberculose. Nesse local também foram feitas as primeiras cirurgias cardíacas e realizado o Primeiro Congresso Brasileiro de Tuberculose.
Em torno de 1934, grandes glebas de terra foram loteadas pelos irmãos Mazzei, tornando a área um típico bairro paulistano de classe média.

Cenas do Filme "A Pensão da Dona Estela" - 1955
Em 24 de julho de 1950, o Jaçanã recebeu a fundação do 1º estúdio de cinema de São Paulo: A Companhia Cinematográfica Maristela, registrada em 11 de agosto de 1950, tornando-se o primeiro foco cultural do bairro. Dois filmes foram lançados com atuação de Adoniran Barbosa (Carnaval em Lá Maior - 1955 e A Pensão da Dona Estela - 1955), além de filmes como: Presença de Anita - 1951; Suzana e o Presidente - 1951; O comprador de fazendas - 1951; Meu destino é pecar - 1952; Simão o caolho - 1952; O canto do mar - 1953; Os três garimpeiros - 1954; Mulher de Verdade - 1955; Mãos sangrentas - 1955; Cinco canções (Die Windrose) - 1955; Quem matou Anabela? - 1956; Getúlio, glória e drama de um povo - 1956; Leonora dos sete mares - 1956; três destinos - 1956; Arara Vermelha - 1957; Rio Zona Norte - 1957; Casei-me com um xavante - 1958; Vou te contá - 1958; O grande momento - 1958. 

Em 30 de dezembro de 1983, foi fundado o Museu Memória do Jaçanã, por Sílvio Bittencourt, com a presença de dona Matilde de Lourdes Rubinato, esposa de Adoniran Barbosa. Sílvio, com a colaboração de antigos moradores, reuniu histórias, fotos, jornais, livros e outros objetos para dar início ao registro da história do distrito. Atualmente, o museu encontra-se em situação precária devido à falta de recursos e de investimentos.
Rua São Luiz Gonzaga 156 (antigo nº 30), Jaçanã.
               Funcionamento de 3ª a 6ª-f, das 14 às 17h. Aos Sáb. das 9 às   12h  Fone 2241-4286


Histórias do Futebol e Títulos do Guapira

Foi nesse famoso bairro que nasceu o Clube de Campo Associação Atlética Guapira, que foi fundado em 20 de Novembro de 1918.

O transporte eram os caminhões, que levavam os jogadores nas carrocerias. Entre as muitas histórias do futebol de marcaram o Clube Guapira durante esses anos, algumas se destacaram:

  ...Izaias Luiz de Godoy contou um fato ocorrido no Campo dos Eucaliptos, o terceiro utilizado pelo Guapira, quando o time parou de jogar em respeito á um funeral que passava pelo local ( o Campo ficava próximo a Estrada do Guaicã, próximo a Santa Casa . O Guapira estava perdendo de 2 à 0 para o Corinthians do Bom Retiro e na volta para o Jogo ganhou de 11 à 2 .

  ... Tem a história de Depetrini Osvaldo, o Osvaldinho, jogador que deixou marca no clube. Sua estreia foi em um jogo realizado no Pacaembu, contra um dos grandes rivais do clube, o Esperança, do Tucuruvi. “A rádio fez o cartaz do Esperança. Começou o jogo e o time adversário marcou um gol e depois outro, ficando 2 a 0. O pessoal do Guapira ficou apavorado. Foi então que eu falei para o nosso técnico, que na época era o Américo Carmona, para colocar outro de centro-avante no meu lugar, que eu iria para a meia-esquerda para fazer o movimento no meio de campo. Fizemos isso e o Guapira começou a deslanchar. Fiz um gol e a turma ‘pegou fogo’ nas arquibancadas do Pacaembu. Fiz 4 e não sei quem fez os outros. No final o Guapira ganhou de 6 a 2”. Após esse jogo, o Pacaembu esvaziou, pois a maior parte das pessoas que lá estavam eram da torcida do Guapira. “Parecia uma romaria”.

... Osvaldinho jogou pelo Leão da Zona Norte e profissionalmente pelo Comercial, mas disse que o Guapira foi o time que mais gostou e ressaltou o entrosamento entre seus jogadores. “Quem joga por amor, chora pelo clube que defende. O pessoal da minha época chorava e dava o sangue pelo clube e não ganhava nada”, contou e recordou a vitória contra o Açucena.

... A história de Nardo, Bernardino dos Santos Augusto, que praticamente nasceu no campo, pois acompanhava tudo de muito perto, já que era filho do “seu Zé Pequeno” e morava ao lado do campo, foi marcada pelos chutes possantes. Chegou a marcar 56 gols de falta em um ano. Ele jogou de 1945 a 1957, quando se machucou e teve que operar o menisco. Um jogo que o emocionou foi o do Guapira e Macedo, de Guarulhos, quando ganharam a Taça Dr. Maurício Cardoso. Também foi diretor de Futebol e responsável por levar atletas de destaque para o clube, entre eles o Jadir, posteriormente convocado pela seleção brasileira.

 ... A tragédia ocorrida durante o jogo entre o Guapira e o Doze de Outubro, do Pari, em 27 de janeiro de 1957, disputado em meio a um temporal, quando um raio atingiu o campo e dois jogadores – Roquinho, do Guapira, e Valter dos Santos, do Doze de Outubro. O segundo jogador morreu em campo no dia em
que ficaria noivo, lamentou Nardo.
... As recordações de Fracisco Rodrigues Castelli, o popular Castelinho – que veio de Ribeirão Preto e começou a frequentar o Guapira em 1937, com 11 anos de idade, e jogou no Juvenil do Guapira, depois no 2º Quadro do Extra e mais tarde foi diretor de Futebol – é de um Guapira que ostentava uma grande equipe de futebol. “Tinha muito mais futebol nos tempos passados do que tem hoje”, disse. E brigas também. Segundo ele, após as partidas “chegava a hora da pancadaria”. Para ele, “mesmo nas brigas havia uma certa lealdade. Era tudo no tapa, quando muito tinha um pedaço de pau. Hoje, não dá nem para pensar em brigar”. Disse que não tinha torcida organizada, mas as esposas e parentes dos diretores e dos jogadores sempre assistiam aos jogos. Os nomes dos times adversários mais lembrados foram: A. A. Açucena, do Bairro do Limão; Sampaio Moreira, do Tatuapé; Vila Esperança e Paulicéia, ambos do Tucuruvi; Paulista, de Guarulhos; E. C. Gopouva; e Vila Augusta.

... A história de amor do trasmontano Antonio Alberto Cardoso e o Guapira começou em 1949, dois anos depois que ele chegou ao Brasil e assistiu uma partida de futebol do clube. Desde então, passou a acompanhá-lo. A paixão foi tamanha que contou que se casou em um sábado de 1951e no domingo foi para o campo assistir o jogo do Guapira. Nos tempos de dificuldade, foi um dos patrocinadores do fardamento, lanche e condução dos jogadores. Em meio a tanta dedicação, dois jogos, especialmente, fazem parte de suas lembranças:
O primeiro foi em 7 de setembro, de 1958, quando jogaram contra o time Sete de Setembro, da Freguesia do Ó, no Campo dos Eucalíptos, e ganharam de 7 a 0. O segundo, aconteceu em 1964, quando ganharam o Campeonato Amador da Capital. “Era um time bom demais”!

... Não menos apaixonado, Alberto dos Santos Cordeiro, o Chaminé, virou atleta em duas modalidades: futebol e malha. Jogou no Clube Guapira durante um ano e, em 1950, foi para o Paraná para tentar ser profissional. Como a efetivação não ocorreu, retornou ao clube. Jogou muita bola, mas após uma década defendendo a camisa do time, optou pela Malha, no início da década de 60. Mais tarde, foi convocado para jogar na Seleção de Malha de São Paulo, que foi campeã brasileira, em Volta Redonda (RJ). A Malha do Guapira foi vice-campeã da Capital, em 1964; campeã da série, campeã do Estado e vice-campeã da Taça Brasil, em Niterói (RJ), em 1972.

... Outro destaque do time do Guapira, foi Carmo Ricardo de Oliveira, o Cachambú, que jogou primeiro no Corinthians, de Vila Gustavo, e no Paulistano, de Tucuruvi, e chegou a ter uma certa bronca do Guapira. Mas,depois que vestiu a camisa do time, não parou mais. “Não entrávamos em campo para perder e não éramos mercenários. O Guapira jogava por amor ao time. A gente não entrava pensando no que ia ganhar”. O time no qual jogou, foi campeão Amador da Capital, em 1964. No início da década de 70, deixou
de jogar no 1º Quadro e voltou mais tarde no time dos Veteranos. Por volta de 1986, parou de jogar num momento de glória e satisfação pessoal.

 ... A história do ‘pé quente’ fala de Juarez Rocha, que começou a jogar no Guapira com o nome do irmão, Jair, porque jogava no time Estrela da Saúde, do Jabaquara, disputando a 1ª divisão. Por isso, não poderia entrar para o clube, mas entrou e disputou muitos torneios, festivais e campeonatos. Logo que chegou, o time venceu o Campeonato Amador da Capital. Em 1985, Juarez era um dos diretores adjuntos do Futebol e, junto com Marcos, dirigia o Juniores do Guapira, que sagrou-se campeão da 3ª Divisão. “Nós ganhamos
na Capital e depois fomos para o interior, e ganhamos também. Fizemos uma boa partida e fomos campeões da 3ª Divisão estadual. Pegamos o Taubaté, campeão da 2ª Divisão. Fizemos uma preliminar no Morumbi, preliminar de São Paulo contra a Portuguesa e empatamos 1 a 1. Depois disputamos a Taça São Paulo e jogamos contra o Palmeiras, o Fluminense e o Santa Cruz. Foi uma campanha linda”.

... As brigas nos finais das partidas também eram tradicionais. Roque Maranhão, o Roquinho, jogou muita bola pelo Guapira e lembra os detalhes de muitas delas. Uma em especial, na qual passou apuro, foi contra o Açucena, do Bairro do Limão. O jogo era no campo deles e quando Roquinho foi para o vestiário, havia um grupo que queria bater nele. Ele foi avisado, mas cerca de 10 dos mais briguentos o cercaram. Roquinho, que pesava pouco mais de 50 kg, fechou o punho como se fosse dar um forte soco e ameaçou um deles. “Ele se desviou e abriu uma brecha naquela barreira, por onde eu passei rapidamente e corri para o nosso vestiário”. Depois disso, entraram em campo escoltados pela polícia. O Guapira ganhou de 2 a 0 e de novo teve que fazer suas manobras para sair sem apanhar. Saíram escoltados por policiais, inclusive da cavalaria. Mas ele provocava: “eu vim, joguei, ganhei e não apanhei. Agora, quero ver vocês lá no campo no segundo turno”. Proibido pela Federação de jogar a segunda partida por envolvimento em outra confusão, Roquinho assistiu a partida, provocou, e muito, os adversários, mas eles não reagiram. O Guapira ganhou novamente. “As brigas entre os rivais eram coisinhas que, para mim, faziam parte do dia a dia, como um café, almoço ou jantar. Depois a gente esquecia e não guardava raiva de ninguém”.

Equipe antiga, nascida do amadorismo paulistano, entrou para o profissionalismo em 1982, na Terceira Divisão (atual A3). Disputou o Campeonato Paulista de Futebol até 2002, ausentando apenas no ano de 1987. Teve 20 participações nos campeonatos estaduais. Em termos de futebol profissional, o maior orgulho do clube foi ter conquistado, de forma invicta, o Campeonato Paulista da Quinta Divisão, Série B1-B (atualmente extinta), em 1998, cuja taça está em destaque na sala de troféus. Outro feito importante do clube do Jaçanã foi o Vice-Campeonato da Terceira Divisão de 1989, cujo campeão foi o Jaboticabal Atlético.

Sede do Clube de Campo Associação Atlética Guapira
 
Quanto a um possível retorno ao futebol profissional e até mesmo às categorias de base (sub-15, sub-17, etc) não está descartado, desde que surja alguma parceria. O que está totalmente fora dos planos do clube, é um retorno aos gramados com recursos próprios, pois a política atual envolve parcerias em todos os setores.

    
Guapira Vice Campeão da 3ª Divisão - Profissional 1989

 Títulos conquistados no futebol

 1935 – Campeão da Liga Riachuelo, que reunia os principais times  da Zona Norte da Capital paulista;
· 1945 – Campeão da Sub-Divisão Riachuelo;
· 1957 – Campeão da Divisão Principal de Amadores da Federação
Paulista de Futebol – Segundos Quadros;
· 1958 – Campeão Amador da Capital;
· 1960 – Campeão Amador da Capital;
· 1964 – Campeão Amador da Capital;
· 1985 – O Juniores foi sagrado Campeão na 3ª Divisão Estadual;
· 1986 – O Juniores do Guapira foi Campeão do Estado de S. Paulo;
· 1989 – Campeão da 3ª Divisão;
· 1991 – O Juniores, mais uma vez, tornou-se Campeão Estadual.
Além desses campeonatos, o Guapira conquistou dezenas de taças e
troféus, que podem ser vistos pelos associados.


Fontes: Museu do Jaçanã, Wikpédia, A Bola e o Tempo, Moro em Jaçanã e Revista comemorativa dos 75 anos do C. C. A. A. Guapira








Nenhum comentário:

Postar um comentário